Emoções reprimidas, emoções simuladas

As emoções ambíguas que Edward Gibbon entrevê no Senado romano[1] podem ser facilmente redimensionadas para caracterizar a convivência dos homens no mundo de modo geral. Ao que tudo indica, no baile de máscaras da vida social fervilham dois tipos de emoções: as reprimidas, que são as verdades inconvenientes, silenciadas na invisibilidade do foro íntimo com o intuito de não destruírem, caso reveladas, a imagem pública de que as porta no peito, e as simuladas, que na visibilidade da interação coletiva substituem tais verdades por falsidades convenientes em nome dos interesses pessoais e da autopreservação.

[1] GIBBON, Edward. Declínio e queda do Império Romano. São Paulo: Companhia das Letras, 2005, p.86.