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Nótula sobre a covardia

  • Vicente Cevolo
  • 26 de set. de 2018
  • 1 min de leitura

Na maior parte do tempo, o covarde comporta-se na vida quotidiana como se fosse um poodle acabrunhado ante à supremacia muscular de um doberman. Ou seja, porta-se como um animal débil, que sequer ousa movimentar-se muito para não se fazer notar. Caso contrário, seria forçado a abandonar sua postura acuada, de bicho fraco na escala dos pedigrees, para enfrentar a presença intimidadora que lhe faz tremular os ossos. Todavia, nem sempre o covarde “borra as calças”.


Por vezes, ele aproveita-se de certas circunstâncias específicas para mostrar-se destemido frente ao objeto que lhe causa medo ou angústia, e que normalmente não conseguiria enfrentar sem a proteção dessas circunstâncias (seu elmo de Hades). Assim, o covarde torna-se “valentão” quando se vê em situações que inativam momentaneamente as forças que poderiam ameaçá-lo, resguardando-o da mandíbula dos tipos fortes. Por exemplo, quando conta com a proteção alheia, como um adolescente que se esconde na barra da saia da mãe para questionar um mestre quando este lhe dá notas baixas, ou com a impossibilidade formal de reação, como na situação de um funcionário que, temendo perder o emprego que garante o leite dos filhos, silencia-se diante do desrespeito da clientela incivilizada.


 
 
 

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